segunda-feira, 22 de setembro de 2014

CANTO A UM HERÓI GUERREIRO


Para José Maria Menezes Ferreira

Meu pai é de carne, osso e espírito,
mais espírito que tudo.

Sempre foi um guerreiro, sempre lutou,
sempre foi meu herói.

De mãos vazias lutou.
Lutou jovem, sofreu jovem,
jovem amou, jovem venceu.

Trazia nos pulmões o ar de Carpina,
que é muito bom.

Enfrentou monstros de trinta pernas,
vinte olhos e cem mãos.

Enfrentou sobretudo os homens,
a ganância, os generais da política,
e venceu todas as batalhas.

Que espécie de guerreiro é meu pai
que não sabe caçar?
Fazer guerra não sabe.

Será guerreiro expulso de alguma tribo
ou um ser de outro planeta?

Uma flor que virou homem
ou talvez um louco fugido de um hospício?

Um poeta?

Chamem a polícia,
os bombeiros, o oficial de justiça,
o dono da venda, o carteiro, o padre, o prefeito, o ladrão.

Que espécie de guerreiro é meu pai?

Quem o saberá?


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