domingo, 28 de dezembro de 2014

REFLEXO NO ESPELHO OU ITINERÁRIO PARA UM DESCONHECIMENTO


O meu quarto são quatro paredes brancas

me refugio.

fora, os ruídos,
as inacabáveis batalhas pela vida.

Eu continuo ferido,
enquanto a morte não vem.

Lembranças da infância cada vez mais nebulosas
e distantes.

A fumaça do cigarro do homem
que está ao meu lado,
nesta gravura na parede,
incomoda-me os pulmões.

Repetem-se os sons
como a repetição da vida,
nas tempestades de ânimos em que se afundam
meus navios.

Busco-me
- como busca o sol a trepadeira,
minha língua, tua língua,
o suicídio, o aposentado –
nos meus livros empoeirados
como um mágico à fantasia de espelhos,
noites, beijos e bombas,
sons, cores e seres.


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