quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O FRUTO


O poema caiu de mim-árvore,
madurado,
na época certa da colheita.

Tinha no gosto
o acre de alguns momentos
de desencanto e tédio,
e o doce açúcar de outros,
como um beijo
na boca da amada
ou um amanhecer cor de fogo
com uma leve brisa
que tudo anuncia.

Havia ainda
a leve embriaguez
do álcool ou do sexo.

Ofereço-vos este fruto.

Que a sua polpa dê forças
ao vosso corpo
e suas sementes,
após secas e plantadas,
floresçam,
e que, enfim, a beleza
faça parte de vosso pomar.

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