quinta-feira, 22 de março de 2018

SER POETA, UMA MALDIÇÃO



Minha primeira paixão foi Liu,
namoradinha de infância,
tínhamos dez anos, mais ou menos,
ela era a menina mais linda que eu já havia visto,
jurava que nos casaríamos,
mas não lembro como tudo acabou.

A segunda paixão veio através do tubo mágico
que era a televisão,
naquele momento da vida, apenas magia e diversão:
Betty Faria, encantadoramente linda
na novela Cavalo de Aço.

Nunca perdia um capítulo!
Ela era a mulher mais linda que eu já havia visto,
e jurava que um dia nos conheceríamos e nos casaríamos,
sendo felizes para sempre.

Ser poeta é assim, gente,
se apaixonar diariamente por uma mulher,
um sorriso, um poema, um amigo, um pássaro,
uma revolução.

Ser poeta é não ser deste mundo,
buscar a felicidade nas paixões e delas se alimentar;
por isso, o poeta é boêmio e adora a noite,
quando bêbado canta e sorri, faz longas declarações de amor,
que pela manhã, se esvaem como a possibilidade de ser infinitamente feliz.

Ser poeta é buscar no mundo algo que não é deste mundo,
coisas que não são possíveis,
prazeres que não são duradouros, ou verdadeiros?
Viver sorvendo emoções a todos os momentos,
insaciável,
criar um novo mundo através da poesia
e fingir que é feliz.

Ser poeta é muita maldição.

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